Islândia vai ter a maior fábrica que aspira CO2 do ar

2022
30-06-2022

Vai ser a maior fábrica do mundo a capturar dióxido de carbono do ar e a depositá-lo no subsolo. A construção, na Islândia, começou esta semana e é assegurada pela empresa suíça de tecnologia verde Climeworks

Esta “fábrica” de captura directa de ar (DAC, na sigla em inglês) será construída no Parque Geotérmico, perto de Reiquiavique, na Islândia​, no prazo de de 18-24 meses, e terá capacidade para sugar 36.000 toneladas de CO2 por ano do ar, segundo a notícia avançada pelo jornal Público. 

No site da empresa suíça Climeworks, responsável pela construção da unidade industrial, está disponível um vídeo onde se explica esta "tecnologia para reverter as alterações climáticas", como lhe chamam. "Há uma certa quantidade de CO2 que estamos autorizados a libertar para a atmosfera por forma a limitar o aquecimento global a 1.5 graus", começa por explicar no vídeo Christoph Gebald, fundador e diretor da Climeworks, adiantando que alguns cientistas avisam que já utrapassámos o prazo para reverter a destruição do planeta. "E se tivéssemos uma tecnologia para parar as alterações climáticas?", questiona.

O vídeo mostra então a fábrica de captação de CO2 do ar em Hinwill, na Suíça, e passa para a Islândia, com o outro diretor e fundador da Climeworks, Jan Wurzbacher, a explicar como vão fazer. "Para remover dióxido de carbono da atmosfera são precisas duas coisas: uma máquina que filtra o CO2 do ar e um local de armazenamento seguro e permanente". E é aí que entra o local de captação e armazenamento em Hellisheidi, na Islândia. "Na Islândia há formações rochosas de basalto que podem facilmente armazenar CO2. Podemos injetar dióxido de carbono, este reage com as formações rochosas e torna-se carboneto sólido, a 1 quilómetro no subsolo", explica Jan.

"Se pensarmos de onde veio todo o CO2, veio do subsolo, de óleo ou gás fóssil. Abrimos estes depósitos para libertar o carbono e agora estamos basicamente a depositar de novo o carbono no subterrâneo", descreveu o responsável da Climeworks.

É uma tecnologia que, acreditam, irá de facto reverter as alterações climáticas. "Estabelecemos como meta, na visão que temos, capturar 1% das emissões globais de CO2 em 2025 para limitar o aquecimento global a níveis razoáveis". 

A nova fábrica da Climeworks chama-se “Mammoth” e terá cerca de 80 grandes blocos de ventiladores e filtros que sugam o ar e extraem o seu CO2, que a empresa islandesa de armazenamento de carbono Carbfix mistura depois com água e injecta no subsolo - onde uma reacção química o transforma em rocha.

A empresa também já avisou que não deverá ficar por aqui e que irá construir uma instalação muito maior, capturando cerca de meio milhão de toneladas de CO2 por ano - e depois replicar múltiplas plantas dessa dimensão até ao final da década.

 

Rute Coelho

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