A mobilidade partilhada implica serviços inovadores

2023
27-09-2023

Segundo o partner da Deloitte Ricardo Martins, a forma como as pessoas se deslocam nas cidades está a mudar, reduzindo-se a dependência do veículo próprio, enquanto surgem oportunidades de negócio, pagamentos simplificados e sistemas integrados.

Os serviços de mobilidade terão no futuro grandes oportunidades de negócio. O setor está ainda no seu início e algumas das inovações começam a surgir no mercado, sendo já possível visualizar algumas das suas possibilidades. Este foi, no essencial, o teor da intervenção de Ricardo Martins, partner da consultora Deloitte e especialista em transformação urbana, nas conversas da mobilidade da Global Media Group.

A ideia destes novos serviços é reduzir a nossa dependência de um único veículo e facilitar a integração de todas as formas de mobilidade partilhada. Já não é apenas imaginação ou teoria, mas a realidade. O respetivo crescimento dependerá da digitalização e implica uso de dados em larga escala.

Segundo Ricardo Martins, a Mobilidade como um Serviço (o especialista usa a definição em inglês, Mobility as a Service, MaaS) "está perto do momento de disrupção", ou seja, aquela fase em que o crescimento da utilização destas novas tecnologias ganha dimensão suficiente para se tornar conhecida de toda a gente. Há ainda limitações, por exemplo, falta regulação e não há muitos incentivos, nomeadamente fiscais. E é preciso capacitar tecnologicamente os operadores.

Um exemplo, Londres. Segundo o especialista da Deloitte, a capital britânica tem meios de transporte partilhados com tarifários simples, integrados, e é fácil pagar as viagens, com limites máximos nesses pagamentos por cartão.

Os conceitos que estão a ser aplicados em vários pontos da Europa passam por sistemas de pagamento centralizados e a integração das plataformas de mobilidade. O consumidor pode planear a viagem em tempo real e pagar com meios disponíveis no seu bolso (cartões, telemóveis). "Cascais é um case study de mobilidade dos cidadãos", disse Ricardo Martins, havendo uma aplicação única que permite pagar o autocarro, a bicicleta e o parque de estacionamento. A Deloitte também está envolvida num projeto na Flandres, com 3,5 milhões de pessoas, mas há igualmente o exemplo de Faro. A própria consultora desenvolveu internamente uma solução simples de mobilidade corporativa.

Ricardo Martins exemplificou o conceito com uma experiência pessoal: dia de chuva, trânsito caótico, o carro da frente parou de súbito, não foi possível evitar um acidente. Os meios de transporte seguintes foram o reboque e o táxi, mas as soluções de transporte começaram a falhar na cidade mais pequena. Em resumo, dependemos em excesso dos nossos transportes individuais. Gradualmente, com soluções digitais simples de usar, as pessoas vão libertar-se dessa dependência do carro próprio.

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