ACAP quer incentivos para abater veículos em fim de vida

2023
27-09-2023

Hélder Barata Pedro, Secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal, diz que apoios são importantes para Portugal renovar a frota automóvel e atingir as metas da descarbonização

O Secretário-geral da ACAP, a Associação Automóvel de Portugal, defendeu hoje a criação de incentivos com vista à renovação do parque automóvel em Portugal. Hélder Barata Pedro, que falava nas Conversas da Mobilidade, na Universidade Nova em Lisboa, considerou que é essencial para se atingirem as “ambiciosas” metas da descarbonização.

“Após a pandemia, países como a Itália, França, Espanha, aproveitaram para estimular o mercado e criar programas de incentivo ao abate de veículos em fim de vida". Em Portugal, o Governo assinou no ano passado um acordo com parceiros sociais, no qual “ficou estabelecido que o Governo deveria implementar um plano de abate de automóveis ligeiros de passageiros em fim de vida”, mas até agora isso ainda não aconteceu, disse Hélder Barata Pedro.

A ACAP fez contas. A reintrodução do programa de incentivos ao abate levaria a uma poupança energética de 3,2 milhões de litros de combustível/ano, que representaria uma redução de emissões de 10800 toneladas de CO2/ano. “Dá uma imagem muito clara - se falamos de descarbonização e se o Fundo Ambiental tem de apoiar políticas de descarbonização - daquilo que seria a redução da pegada e emissões com um plano de incentivos ao abate de veículos em fim de vida, conforme temos proposto”, disse Hélder Barata Pedro. Isto, acrescentou, permitiria retirar de circulação veículos como os que chegam para abater com uma média de 23,5 anos e os cerca de 1,5 milhões de veículos com mais de 20 anos que circulam nas estradas portuguesas. Seriam substituídos por veículos mais novos, que poderiam ser elétricos, híbridos ou de combustão de baixas emissões.

No início, Hélder Barata Pedro traçou uma radiografia do setor. Segundo o Secretário-geral da ACAP, o setor automóvel em Portugal tem um volume de negócios de 33,7 mil milhões de euros e é o principal exportador (12,7%) do país. O setor emprega 151 mil trabalhadores nas suas 33 mil empresas. O peso nas receitas é significativo e, no ano passado, equivaleu a 8,9 mil milhões de euros, ou seja, 17,1% do total das receitas fiscais do Estado.

Quando às vendas, os elétricos têm vindo a ganhar peso. Em 2017 os elétricos representavam 1% das vendas em Portugal, mas este ano (janeiro a agosto) passaram os 16,4%, uma tendência de crescimento que o líder da ACAP acredita “vai continuar”. Apesar da evolução, como a chegada de veículos elétricos ao mercado é recente e a substituição demora, ainda só representam 1% dos veículos em Portugal.

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