
Avenger, ou como eletrificar o espírito Jeep

O primeiro 100% elétrico da marca norte-americana chegou aos concessionários em meados de junho e vem com a bagageira cheia de prémios, com destaque para o troféu Carro do Ano Internacional 2023.
O primeiro 100% elétrico da marca norte-americana chegou aos concessionários em meados de junho e vem com a bagageira cheia de prémios, com destaque para o troféu Carro do Ano Internacional 2023.
Neste primeiro contacto dinâmico por estradas portuguesas a Jeep planeou um percurso ao longo da costa. Lisboa, Santa Cruz e regresso à casa de partida, quase sempre por estradas bem interessantes e à medida de um SUV que não se incomoda com ritmos mais animados. Já lá iremos.
Desenhado e produzido na Europa, o Avenger é um cocktail bem interessante. E não é só porque aposta num dos segmentos mais animados e de maior crescimento no mercado europeu, o B-SUV.
Com pouco mais de 4 metros de comprimento, ópticas protegidas e boa parte das zonas mais expostas da carroçaria cobertas com plásticos, tem tudo para se dar bem em ambiente urbano. Por outro lado, não enjeita o ADN Jeep. Com uma altura mínima ao solo de 20 cm, bons ângulos (ventral, 20º; ataque, 20º e saída, 32º) e eletrónica a ajudar o trabalho das duas únicas rodas motrizes - as da frente -, o Avenger está razoavelmente bem preparado para sair do asfalto. Digamos que está uns bons passos acima da maioria dos concorrentes, mais pensados para subir… passeios.
A Jeep pegou na nova plataforma e-CMP2 da Stellantis, uma base modular exclusiva para veículos elétricos - evolução da base de modelos como o Peugeot 2008, o DS3 Crossback ou o Opel Mokka -, e personalizou-a. As afinações são específicas, cerca de 60% dos componentes da plataforma foram desenhados por e são destinados à Jeep, e os tais ângulos que facilitam a progressão fora de estrada surgem, por exemplo, devido ao redesenho das zonas de impacto na frente e na traseira, que são aqui bastante mais curtas do que noutros modelos do grupo.
O Avenger é facilmente reconhecido como um membro da família Jeep. Da grelha de sete barras (fechadas e passíveis de personalização com autocolantes, como outras zonas da carroçaria), passando pelos faróis dianteiros retangulares, pelos arcos das rodas meio quadrados ou pelas óticas traseiras com desenho em X, tudo diz “Jeep”.
O motor elétrico é novo na Stellantis, debita 156 cv e 260 Nm de binário. A bateria é de 54kWh e a Jeep anuncia uma autonomia de 400 km em ciclo WLTP, sendo que em cidade a distância percorrida entre cargas pode chegar aos 550 km. O Avenger permite carregamentos rápidos, a 100kW, o que pode significar passar de 20% para 80% em apenas 24 minutos.
O interior é relativamente espaçoso, sobretudo se tivermos em conta que estamos a falar de um automóvel com pouco mais de 4 metros de comprimento, e é dominado por plásticos rígidos. O volante é mesmo a única superfície com revestimento suave. Ainda assim, a montagem pareceu, neste primeiro contacto, rigorosa e sólida. Se vai resistir ao teste do tempo sem que surjam ruídos parasitas, é uma questão para mais tarde.
À parte esse pormenor dos materiais, o interior é descontraído e alegre, com zonas decoradas com a cor da carroçaria, mas sobretudo muito prático, com inúmeros compartimentos, abertos e fechados, para guardar objetos, garrafas, telemóvel, etc. O painel é dominado por dois grandes ecrãs, com toda a informação disponível de forma relativamente fácil e intuitiva. A Jeep optou - e bem porque ajuda a manter o foco do
condutor na estrada - por deixar entregue a botões físicos o comando da climatização, do volume do sistema de áudio, da caixa de velocidades e dos modos de condução.
A propósito de modos de condução, há três para estrada - ECO, NORMAL e SPORT - e outros três níveis do sistema Select-Terrain - Sand (areia), Mud (lama) e Snow (neve). Em conjunto com o Hill Descent Control, que como o próprio nome indica controla a velocidade em descida, estes modos de condução alteram a gestão eletrónica do motor, o comportamento da caixa e o nível de intervenção do controlo de tração e de estabilidade, tudo para que o Avenger não fique parado onde não deve. Com bom senso, é possível chegar bem longe do asfalto e ultrapassar alguns obstáculos.
Em estrada é bastante óbvia a diferença na entrega de potência entre os três modos de condução, tal como é visível o efeito nos consumos. Com alguma contenção no pé direito é possível namorar os valores anunciados pela marca - entre os 15,4 e os 15,7 kWh/100 km, conforme a versão.
Com 156 cv, binário servido de imediato como é normal nos elétricos, e um peso que não passa dos 1500 kg, o Avenger comporta-se mesmo muito bem em estradas mais enroladas e não rejeita rirmos mais elevados. O centro de gravidade baixo - as baterias estão sob o habitáculo - e a suspensão relativamente firme ajudam a um bom controlo da carroçaria em curva, sem comprometer demasiado o conforto.
Os preços variam entre os 39.700€ da versão Longitude e os 43.700 da Summit e não será difícil adivinhar um futuro de sucesso comercial para este Avenger. As 250 unidades 1st Edition já desapareceram - tudo para clientes que fizeram reserva sem sequer ver o carro ao vivo - e no total a marca conta já com 350 encomendas firmes em Portugal.