
Concorrência baixou custo das viagens de autocarro regionais

Alguém que procure argumentos sobre os benefícios da concorrência deve olhar para os serviços de autocarros de passageiros interurbanos. O aparecimento de uma empresa low cost deu origem à redução agressiva de preços, com grandes poupanças para os utilizadores frequentes. Uma viagem Lisboa-Porto pode ficar por 4 euros.
Tal como acontece no retalho, as empresas de transporte interurbano estão a fazer descontos agressivos, procurando manter ou aumentar as suas quotas de mercado num contexto de inflação elevada. Nas viagens dos serviços expressos podem encontrar-se preços muito baixos, da ordem dos 4 euros numa deslocação entre Lisboa e Porto. É uma questão de ter sorte, procurar na internet e aceitar horários menos convenientes. Em resultado desta tendência, as ligações entre diferentes cidades do país estão a ficar mais baratas, com valores abaixo de metade da viagem por comboio.
Os passageiros que usam frequentemente os serviços Expresso (mais de 50 quilómetros de distância) falam numa mudança recente introduzida pela concorrência, ou seja, pela entrada no mercado português de uma empresa alemã, a Flixbus. Esta companhia começou por introduzir ligações entre Portugal e outros países, em 2017, e lançou rotas domésticas apenas em 2020. Entretanto, houve a pandemia, pelo que só nos últimos meses se fez sentir a redução abrupta nos preços.
Na prática, uma pequena consulta na internet mostra preços mínimos inferiores a 4 euros para viagens entre Lisboa e Porto, ou para ligações entre Lisboa e Castelo Branco ou entre a capital e Faro. No primeiro caso, a média é de 9 euros. Enfim, o preço final depende do horário, do lugar, do tempo de antecedência da compra. Na Rede Expressos, a mesma viagem pode custar 10 euros, mas há poucos lugares disponíveis e com marcação dias antes. Na maior parte dos autocarros, a tarifa única é de 20 euros e, com alguma sorte, pode conseguir-se um lugar com desconto a 15 euros.
Na empresa alemã, os descontos são significativos e em grandes quantidades. O conceito é low cost (paga-se por bagagens adicionais, por exemplo), mas é fácil adquirir bilhetes. Para uma viagem entre Lisboa e Porto, por exemplo, a Flixbus parte de meia em meia hora, algo que os utilizadores frequentes consideram uma grande vantagem no serviço. Os descontos variam, a partir da quinta fila do autocarro (sem lugar marcado). Em resumo, o tarifário torna-se muito mais barato do que o comboio, já que o preço do Alfa pode atingir 30 euros. Há facilidades para jovens: os autocarros são modernos, têm wi-fi gratuito e tomadas para computador.
O mercado mudou muito em pouco tempo, dizem os utilizadores. Motivo? Frequência dos autocarros e preços médios imbatíveis. Na Rede Expressos, pelo contrário, as promoções são mais raras (como se demonstra numa simples consulta de internet) e os preços normais não mudaram muito, apesar de se ter recuperado o mercado anterior à pandemia.
A Rede Expressos existe desde 1995, tem 230 autocarros e assegura 300 destinos por todo o país, tendo transportado em 2022 mais de 9 milhões de passageiros. Esta empresa está a modernizar a sua frota e tem introduzido promoções, visando flexibilizar as tarifas. A Flixbus é diferente, uma multinacional presente em 40 países, a maior companhia europeia do setor, com volume de negócios global de 1,5 mil milhões de euros. Tem, portanto, um poder económico que lhe permite ambicionar em Portugal uma expansão rápida.