
Consórcio entre a Bosch e a U.Porto cria mais inteligência para a condução autónoma

Investimento superior a 28 milhões de euros já deu os primeiros resultados 'made in Portugal' com melhorias nas soluções de inteligência artificial para os carros autónomos.
As tecnologias de inteligência artificial ligadas à condução autónoma são o foco de um consórcio formado entre a Bosch e a Universidade do Porto (U.Porto) que conta com um investimento superior a 28 milhões de euros. O objetivo central é desenvolver soluções inovadoras para que num futuro muito próximo a condução autónoma possa ser uma realidade em perfeita segurança.
Viajar num veículo autónomo próprio, ou partilhado, sem ter de se preocupar com a condução ou o trajeto já é possível do ponto de vista tecnológico. Basta partilhar a informação da rota com o assistente de bordo. Mas para que tal possa acontecer em perfeitas condições de segurança é necessário reforçar a interconetividade dos vários equipamentos envolvidos numa viagem, quer seja entre veículos, redes, semáforos e outros sinais de trânsito. E é também necessário um enquadramento legal, nomeadamente ao nível da responsabilidade civil ou criminal em caso de acidentes rodoviários.
O projeto de inovação THEIA (Percepção para a Condução Autónoma) do consórcio Bosch/ U.Porto apresentou recentemente alguns dos seus resultados, que pretendem ter um impacto global no futuro da mobilidade autónoma e segura.
“Dos trabalhos de investigação e desenvolvimento do THEIA resultam tecnologias que cumprem o objetivo de melhorar as capacidades sensoriais de veículos autónomos, implementando algoritmos de perceção baseados nos dados recolhidos pelos seus sensores que vão permitir que o veículo tenha uma perceção exata, robusta, e segura do espaço envolvente ao automóvel”, refere uma nota de imprensa do consórcio.
Isto significa ainda que “os sensores reconhecem e distinguem, por exemplo, ciclistas, peões e outros veículos, contribuindo para a segurança rodoviária, tanto de quem está no interior do veículo, como fora dele”. O resultado é uma “perceção mais avançada do que a humana, tornando a condução mais autónoma, bem como mais segura”. Por exemplo, em caso de nevoeiro cerrado, o condutor pode ver-se obrigado a parar o carro para salvaguardar a sua segurança.
Para assegurar que os dados usados nos algoritmos de perceção não são comprometidos, foram desenvolvidos um conjunto de soluções de segurança informática, nomeadamente infraestruturas tolerantes a intrusões, que usam uma abordagem multidisciplinar que inclui cibersegurança, confiabilidade e inteligência artificial, capazes de garantir a autenticidade e integridade da informação que flui entre os veículos autónomos e a infraestrutura, mesmo em caso de intrusão parcial do sistema.
Segundo atestam os responsáveis do projeto, “com a implementação das tecnologias desenvolvidas no âmbito do THEIA o veículo saberá como comportar-se nessa situação, sem obrigatoriedade de paragem ou sequer abrandamento”.
“O THEIA é mais um exemplo da aposta da Bosch nas relações de parceria com a academia, e os resultados apresentados impulsionam não só a inovação, o desenvolvimento científico e a criação de emprego qualificado, como terão impacto global no futuro da condução autónoma, refletindo-se no reconhecimento da qualidade do talento e da dinâmica do ecossistema de investigação e desenvolvimento que existe em Portugal”, afirmou Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal e Administrador Técnico da Bosch em Braga, por ocasião da apresentação dos resultados.
O investimento de mais de 28 milhões de euros no projeto visa apoiar a contratação de 55 novos colaboradores da Bosch e de 79 investigadores da Universidade do Porto, contando com o envolvimento total de mais de 250 pessoas. Além disso,no âmbito do THEIA, existe também o objetivo de publicação de 33 artigos técnico científicos e de submissão de 10 pedidos de patente.