Jorge Delgado: “Incentivo ao abate de carro permite renovação da frota envelhecida”

2023
27-09-2023

Secretário de Estado da Mobilidade Urbana foi à conferência do Portugal Mobi Summit reiterar o compromisso do Governo com a descarbonização. Apoios ao abate e à compra de veículos elétricos vão existir, mas ainda estão a ser definidos

O Governo está a trabalhar no modelo de incentivo ao abate de carros, mas esta é ainda uma questão com “nuvens e muitas sombras”. A decisão de atribuir os apoios está tomada, mas o modelo a ser aplicado continua em discussão. Jorge Delgado, secretário de Estado da Mobilidade Urbana, garantiu esta quarta-feira na conferência Conversas de Mobilidade, no âmbito do Portugal Mobi Summit, que haverá soluções nesta matéria depois de ter ouvido da parte dos anteriores intervenientes apelos à necessidade de manter estes incentivos.

Os carros com mais de 14 anos são responsáveis por 90 por cento das emissões na área dos transportes e o Governo está ciente que tem de tomar medidas para atingir o objetivos da descarbonização. “O incentivo ao abate de carros é uma forma de ampliar as condições que permitam a renovação da frota envelhecida em Portugal”, afirmou.

O governante reiterou o compromisso do Executivo no prosseguimento de políticas sustentáveis no âmbito da mobilidade e elencou algumas medidas, de resto, anunciadas pelo ministro do Ambiente da Ação Climática na passada sexta-feira na conferência. Entre elas a revisão dos incentivos à compra de carros elétricos, no sentido que estes apoios sejam dados a quem realmente necessita. “No próximo ano incentivo continuará a existir, mas com nuances em relação ao que existe. O assunto não está fechado mas queremos fazer com que seja melhor”, disse Jorge Delgado.

E porque o uso de transportes públicos é fundamental para atingir a sustentabilidade ambiental, Jorge Delgado referiu também o reforço de 70 milhões de euros para a compra de frotas de autocarros elétricos.

O secretário de Estado sublinhou que o Governo continuará a apoiar a mobilidade elétrica e reconheceu que esta só acontecerá se houver disponibilidade para dar incentivos. Mas considerou que é um objetivo que não se alcança sozinho. Por isso, apelou também à mudança de comportamentos, à redução de deslocações e ao uso de transportes públicos. Do ponto de vista social, disse mesmo que “não é digno do século XXI” e não nos devemos orgulhar da forma como vivemos, numa crítica ao uso excessivo de carros particulares. “Uma pessoa num carro é semelhante à imagem de uma pessoa numa cela.”

Apesar de amigos do ambiente, uma fila de carros elétricos não deixará de ser uma fila de carros, admitiu. Daí, mais uma vez, ter sublinhado a importância dos transportes coletivos e ter referido que há várias soluções em cima da mesa. E se o hidrogénio levanta dúvidas em relação às viaturas particulares, já a em relação ao transporte pesado é visto como uma boa solução. Como exemplo, referiu o financiamento estatal de autocarros movidos a hidrogénio para o Porto e que também já se antecipa para Coimbra e Braga.

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