Lisboa cria parques de estacionamento gratuitos para quem usa cartão Navegante

2023
15-11-2023

Orçamento de Lisboa para 2024 privilegia investimento em mobilidade. Autocarros de energias limpas, mais 17 km de ciclovias e mais 13 bairros 30 + BICI estão em marcha. Para a habitação vão 150 milhões de euros, “o maior investimento de sempre”. Reter pessoas na cidade também ajuda à descarbonização.

A área da mobilidade urbana vai captar uma fatia importante, de 289 milhões de euros, do orçamento da Câmara Municipal de Lisboa para 2024, cuja proposta foi apresentada esta terça-feira. Como referiu o presidente Carlos Moedas, quase um terço do orçamento municipal de mais de 1,3 mil milhões de euros, é para investimento. “Prometemos e estamos a fazer. E estamos a fazer muito”, disse, esperando que a sua proposta seja aprovada, apesar da coligação que dirige (PSD/CDS-PP) não deter maioria absoluta.

Neste setor, os planos vão privilegiar a já anunciada expansão das ciclovias e renovação sustentável da frota da Carris, mas também a construção de parques de estacionamento dissuasores gratuitos para quem utilize o cartão navegante, revelou o executivo camarário durante a apresentação.

Deste novo plano fazem parte 1965 lugares de estacionamento gratuitos distribuídos por sete Parques Navegante, a construir até 2026, localizados em Pontinha Sul, Azinhaga da Cidade, Ameixoeira, Telheiras Poente e Telheiras Nascente, Avenida de Pádua e Colégio Militar. Mas dois deles, Pontinha Sul e Azinhaga da Cidade, avançam já no próximo ano.

A ideia é desencorajar a entrada dos carros no centro da cidade, num momento em que Lisboa se comprometeu a atingir a neutralidade carbónica até 2030, e incentivar a complementaridade com o uso de transportes públicos.

A construção dos parques dissuasores vai absorver uma parte importante dos 74 milhões de euros destinados à EMEL. É também a este envelope financeiro que a empresa municipal vai buscar dinheiro para expandir as ciclovias da capital em mais 19, que vão acrescentar 17 km à extensão atual, como o Portugal Mobi Summit já havia noticiado. Adicionalmente serão feitos mais perto de 12 km em ligações entre ciclovias já existentes.

900 bicicletas GIRA até Junho

E é igualmente à EMEL que caberá a expansão, em 2024, das estações de bicicletas partilhadas GIRA às restantes seis freguesias que ainda não estavam abrangidas, em mais 36. “Até ao final do ano, estimamos que as 500 bicicletas novas estejam entregues e que o processo de electrificação das 400 clássicas esteja concluído no primeiro semestre de 2024", disse o vice-presidente da CML com o pelouro da Mobilidade, Filipe Anacoreta Correia. Após este investimento, “cada lisboeta ficará a menos de 10 minutos de distância de uma estação de bicicletas”, garantiu este mês o presidente da EMEL Carlos Silva, num debate do Portugal Mobi Summit.

A fatia de leão no investimento para a mobilidade é, como se compreende, dirigida à renovação da frota de autocarros da Carris. A autarquia quer destinar 165 milhões de euros, entre 2024 e 2027, para conseguir que 87% da frota da operadora municipal seja movida a energias mais limpas.

Para além destes investimentos, reforçaram-se os planos de expansão da linha do elétrico 15, num extremo, até ao Jamor e, no outro, até ao ParqueTejo. E também foi anunciada uma linha rápida de elétrico na Alta de Lisboa. Na frente do estacionamento, está igualmente previsto um silo de automóveis em Campo de Ourique.

Mais 41,5% para habitação

A habitação é uma área a que Carlos Moedas prometeu prioridade absoluta, face aos crescentes constrangimentos em ter acesso a uma casa na capital. Como o autarca reconheceu recentemente, na Cimeira de Lisboa do PMS, o acesso à habitação não é só uma questão de justiça social, mas também se reflete na mobilidade e nas emissões de gases com efeito de estufa. Se as pessoas tiverem de ir todas viver para fora de Lisboa vão ter uma pegada carbónica maior e dificultar o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica em 2030, admitiu o autarca.

O Orçamento Municipal prevê para a habitação um investimento de 150 milhões de euros em 2024, o que equivale a mais 41,5% face a 2023, entre construção de nova habitação e reabilitação de património municipal. “É o maior de sempre da história de Lisboa”, enfatizou o vice-presidente. Por isso, Carlos Moedas considerou que “é quase impossível a Oposição chumbar este orçamento”.

Também os apoios ao arrendamento ganham valor, com mais 18% destinados ao Programa Renda Segura e o Subsídio Municipal ao Arrendamento, num total de 4,2 milhões de euros.

O executivo liderado por Moedas continua a defender a isenção do IMT na compra de casa própria para jovens até aos 30 anos, com o teto a subir dos inciais 250 mil euros para 300 mil euros. “É uma proposta que não tem tido vencimento no âmbito da Câmara porque tem sido recusada pelos partidos da oposição, mas acreditamos que desta vez será diferente”, disse Anacoreta Correia. “Um jovem que compra casa é um jovem que casa com o território onde compra essa casa e essa relação é algo que temos de promover”, justificou o autarca.

Carla Aguiar

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