
Lisboa em décimo lugar na mobilidade verde

A capital portuguesa está bem classificada num ranking de mobilidade urbana que juntou 42 cidades europeias, à frente de Praga, Manchester ou Barcelona. Mas está mal no incipiente uso de autocarros com emissões zero e de veículos elétricos partilhados.
Lisboa surgia em 10º lugar, entre 42 cidades europeias, num ranking de mobilidade sustentável elaborado pela Campanha das Cidades Limpas (CCC, na sua sigla inglesa), uma rede de 80 organizações de países europeus cujo objetivo é mobilizar a sociedade para os transportes urbanos livres de emissões de gases com efeito de estufa. Este estudo baseou-se em critérios técnicos e colocou a capital portuguesa no segundo patamar de preocupações ambientais na área dos transportes, à frente de muitas capitais de países mais desenvolvidos, como Bruxelas, Berlim ou Estocolmo.
Embora pareça atrasada em pelo menos duas vertentes, Lisboa é a sexta melhor cidade no que respeita às infraestruturas públicas para carregamento de carros elétricos. As limitações são mais visíveis na componente de partilha destes veículos, prática onde Lisboa está na cauda da Europa. A situação na área dos autocarros com emissões zero também não é famosa, já que a capital portuguesa ocupa o 33º lugar neste domínio.
Entre quatro critérios, Lisboa tem excelentes indicadores em dois, a questão do carregamento elétrico, pois existem infraestruturas equivalentes a 46 Kw (kilowatts) por mil habitantes (6ª posição no ranking neste domínio) e o uso de bicicletas ou trotinetas elétricas. Neste ponto Lisboa é uma das cidades europeias com melhor desempenho.
Os dados foram recolhidos no primeiro trimestre de 2023 e, no topo do ranking, estão duas capitais escandinavas: Copenhaga e Oslo. No último terço da lista, bem atrás de Lisboa, estão cidades como Praga ou Barcelona; e na cauda da Europa há nomes britânicos, como Manchester ou Birmingham, que associamos a desenvolvimento rápido em matérias de sustentabilidade, mas que na realidade estão em posições pouco confortáveis.
O estudo conclui que há cidades a adotar depressa as novas formas de mobilidade. Também se detetaram retrocessos, por exemplo no caso de Paris, que era uma cidade avançada no domínio ambiental, mas que atrasou a sustentabilidade nos seus transportes por causa do vandalismo. Os autores afirmam que os melhores resultados ocorrem nas cidades onde existe liderança: "decisores que estabelecem objetivos claros e fazem investimentos dirigidos", pode ler-se no documento.
Os autores do estudo consideram que várias cidades europeias estão no bom caminho para conseguirem o objetivo de zero-emissões nos transportes, já em 2030. As vantagens seriam evidentes: menos poluição e menos mortes por exposição a gases nocivos, além do contributo para o combate às alterações climáticas. A descarbonização dos transportes urbanos é essencial para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, tem vantagens económicas e favorece a qualidade de vida das populações.
A partilha de soluções de mobilidade, por exemplo de carros elétricos, permitirá ganhar espaço na cidade e reduzir o trânsito. O recurso a bicicletas e trotinetas elétricas agiliza a vida das pessoas. Os poderes públicos estão cada vez mais atentos a esta mudança, que não é apenas económica, mas também cultural e ambiental. Lisboa tem margem de progressão em matéria de mobilidade sustentável. A sua posição no ranking deverá melhorar se forem introduzidos esquemas de partilha de carros elétricos e uma frota de autocarros mais verde, a hidrogénio e baterias. A Carris tem grandes planos para a eletrificação parcial da frota de autocarros em 2026.
Luís Naves