
Portugal é um dos 5 melhores na rede de carregamento elétrico

Há mais de 7200 pontos de abastecimento no país. Este verão, o carregamento ultrarrápido deverá chegar a mais oito cidades do interior, enquanto o modelo português da Mobi. E está em vias de ser exportado para dentro e fora da Europa.
Enquanto o equilíbrio climático aguarda pelo desenvolvimento de fontes de energia limpas para os transportes pesados, a eletrificação nos automóveis avança. Em Portugal, os indicadores são promissores: as vendas destes veículos crescem acima dos 100% e a rede de carregamento pública expandiu-se em cerca de 50% nos últimos dois anos.
Portugal figura mesmo nos cinco primeiros lugares dos países europeus com mais pontos de carregamento por cada 100 km de estrada. De acordo com um estudo da ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis), neste indicador o país fica apenas atrás da Holanda, Luxemburgo e Alemanha. E, nas vendas de veículos elétricos, a quota rondou os 16% em maio, contra cerca de 4,5% em Espanha ou Itália.
“Estamos numa posição invejável a nível europeu e mundial”, considerou, a propósito, o presidente da Mobi.E, Luís Barroso. O responsável anunciou em entrevista Portugal Mobi Summit que a rede de carregamento de veículos elétricos deverá chegar aos dez mil pontos, já em 2024, e aos 15 mil, em 2025.
São passos significativos, mas que ainda vão continuar a ter de ser intensificados para abrangerem todo o território e o expectável aumento da procura, à medida que todo o setor automóvel está obrigado a fazer uma reconversão elétrica, sem precedentes, para atingir as metas climáticas. E a Comissão Europeia está a impor uma distância máxima de 60 km entre dois pontos de carregamento em estrada.
O problema português reside essencialmente no facto de mais de 60% das habitações não terem garagem, logo dependerem em exclusivo da rede pública. Por outro lado, o desequilíbrio regional na distribuição deste serviço também tem sido apontado como um ponto fraco pelos utilizadores.
Com a ajuda de fundos públicos está a fazer-se um esforço para levar postos de carregamento de potência mais elevada, os chamados ‘ultrarrápidos’, a mais regiões do interior do país, esperando-se aumentar de quatro para 12 as cidades do interior a contar com este tipo de serviço, até ao final do semestre, adiantou Luís Barroso.
Em março, mês em que se registou mais um recorde de carregamentos – 289 mil – existiam já cerca de 7250 pontos espalhados por todo o país. Nem todos são da rede pública. No ano passado foram integrados na rede 2398 novos pontos, dos quais 1032 de acesso público.
Segundo as diretrizes de Bruxelas, a distância entre soluções de carregamento não deverá ser superior a 60 km. Nesta matéria, os dados da Mobi.E indicam uma posição confortável, pois existem atualmente 53 tomadas, em média, por cada 100 quilómetros de rodovia e 72 por cada 100 mil habitantes.
O modelo da rede portuguesa e a sua rápida expansão tem chamado a atenção de outros países. A gestora pública da rede quer internacionalizar o modelo nacional, permitindo a interoperabilidade entre países, tendo já sido abordada por países como a Espanha, a Inglaterra ou Bélgica. “Cada vez há mais países a sondar-nos, porque também conhecem qual é a dinâmica da União Europeia a nível da legislação e consideram que, de facto, Portugal não é só um bom balão de ensaio, é uma experiência viva daquilo que poderá ser uma solução a adotar e temos tido vários contactos internacionais sobre a nossa solução”, disse o responsável da empresa criada em 2015 e incumbida pelo Governo de criar um mercado para a mobilidade elétrica. Alguns desses contactos são o Brasil ou a Colômbia, avançou Luís Barroso.
Atualmente, a Mobi.E é um conjunto de redes privadas que concorrem entre si, após a concessão de toda a rede a operadores privados, em 2020, contando atualmente com mais de 75 operadores de pontos de carregamento de veículos elétricos. Alguns destes estão instalados em hipermercados, centros comerciais, hoteis, universidades, centros empresariais ou condomínios, para além dos localizados em estações de serviço e na via pública.
Carla Aguiar