Rede ciclável de Lisboa vai crescer 50% e melhorar “falhas graves”

2023
06-06-2024

Até 2025, a rede ciclável da capital vai ter 56 pistas e chegar a todas as freguesias num investimento de 13 milhões de euros. Após a conclusão da auditoria que detetou “falhas graves” na rede, a Câmara Municipal de Lisboa compromete-se a melhorá-la.

A rede ciclável de Lisboa vai continuar a crescer, prevendo-se que a cidade tenha 56 ciclovias, das quais 20 separadas e as restantes partilhadas com ligações escolares, no próximo ano. “Temos uma rede com 173 quilómetros, que queremos aumentar para 263 quilómetros. Estamos a falar de um aumento de mais de 50% da rede ciclável até 2025, entre ciclovias segregadas, mas também zonas de 30+ de bicicleta”, anunciou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, na apresentação do plano da rede ciclável para este e o próximo ano. O autarca adiantou a criação de mais estações de bicicletas Gira, que passarão de 150 para 193 e 1900 veículos.

Os resultados da auditoria à rede de ciclovias da cidade, feita pela consultora Copenhagenize, concluiu que “há falhas, lacunas graves e muitas descontinuidades na rede ciclável, que os próprios utilizadores não se sentem seguros e que faltam ligações a locais essenciais”, revelou o edil lisboeta no final de maio, aquando da apresentação das conclusões.

No inquérito realizado junto dos utilizadores das ciclovias, a maioria referiu que a rede é “descontínua”, entende que “a proteção contra o tráfego motorizado é insuficiente” e que “ainda há muitos locais inacessíveis de bicicleta”. Dois terços dos entrevistados disseram sentir-se “inseguros ou bastante inseguros em cruzamentos”. As ciclovias da Avenida Almirante Reis, Avenida 24 de Julho e Rua Professor Pinto Peixoto são as artérias onde foram identificados mais problemas de segurança.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia, que detalhou as medidas previstas para a cidade nesta matéria, admitiu que “todos os dados de acidentes e sinistralidade comprovam que a Avenida Almirante Reis levanta problemas de segurança”, acrescentando que, ainda neste semestre, apresentarão um “novo desenho” desta ciclovia com “alterações muito significativas”, após um processo de consulta pública que já terminou.

1,7 milhões para manutenção

Com o objetivo de tornar a experiência de andar de bicicleta na cidade “mais segura” e “corrigir erros”- com base nas 87 recomendações que saíram desta audição-, a autarquia vai ter pela primeira vez uma dotação orçamental para a manutenção das ciclovias, no valor de 1,7 milhões de euros. “Muitas vezes aponta-se a falta de manutenção das ciclovias e passaremos a ter envelope financeiro, que começará já este mês a ser garantido através da EMEL”, anunciou o autarca.

Anacoreta Correia revelou que “as principais intervenções” nas ciclovias passarão por “reparações, reforçar a sinalética e a pintura, reforçar elementos de segregação de forma a utilizar as ciclovias”, confirmando que há ciclovias “com buracos, desgaste da tinta ou nas quais os separadores foram removidos”.

A Câmara de Lisboa recebeu ainda 400 mil euros, através do programa BICI da Bloomberg, para assegurar a ligação ciclável a 20 escolas e abranger 20 000 estudantes. Apesar da ajuda financeira, o município lisboeta vai mobilizar dois milhões de euros para este projeto.

 O autarca frisou ainda que este plano representa “mais de 22, 2 milhões de euros em 2022-2025, um crescimento de 41% na área da rede ciclável face ao mandato anterior”, havendo “ainda muitas obras que não estão referidas nestes valores”.

Artigos relacionados

Lisboa ganha mais 19 ciclovias com 17 km de extensão

Dan Hill: “É rua a rua que se desenham as cidades do futuro”

Miguel Castro Neto: "Tem que se cruzar dados antes de implementar políticas transversais à cidade"