Sebastian Poss: “Indústria de camiões tem de baixar emissões a todo o custo"

Sebastian Poss, da Mercedes Truck, defendeu na Cimeira de Cascais da Mobi Summit que o hidrogénio é, em termos de custo e eficácia, a melhor solução para a indústria dos veículos pesados.

A Mercedes-Benz Trucks é uma das grandes empresas no que à indústria de camiões diz respeito. Ao longo dos últimos anos, o fabricante alemão tem testado várias soluções de veículos elétricos, nomeadamente através da linha eActros, com baterias que chegam a alcançar os 400 quilómetros de autonomia, sem recurso a carregamento.

A participar no primeiro dia da Cimeira de Cascais da Mobi Summit, Sebastian Poss, diretor para a mobilidade elétrica e soluções comerciais, explica que a empresa tem o objetivo de reduzir as emissões e atingir a neutralidade carbónica. “Como fabricantes temos essa responsabilidade, mas também metas europeias para cumprir”, realçou. Para chegar a este patamar, a Mercedes-Benz Trucks quer fazer crescer a sua curva de venda de veículos elétricos até 60% em 2030, o mesmo ano em que esperam atingir a neutralidade.

“Isto significa que até 2025 vamos ter reduzir em 15% as emissões e chegar mesmo a 45% em 2030. É evidente que estas metas só podem ser atingidas se tivermos veículos elétricos”, acrescenta Sebastian Poss. Para isso, diz o responsável, é preciso que haja uma mudança de produto, no comportamento do cliente e nas infraestruturas disponíveis. A fabricante alemã está, por isso, mesmo focada em alcançar uma paridade nos custos que seriam comparáveis na compra de um veículo diesel.

Nas várias soluções que apresentam no mercado, algumas com eficácia testada e custos interessantes para os clientes, Sebastian Poss destacou os modelos eActros 300 e eActros 400, ambos com autonomia que ultrapassa os 300 quilómetros e no caso do segundo que chega a realizar 400 quilómetros sem precisar de ser recarregado. Falou ainda do protótipo Mercedes-Benz GenH2 Truck que percorreu, recentemente, 1047 quilómetros com um abastecimento de hidrogénio líquido. São, no entender deste responsável, as provas de que o mercado precisa de apostar em soluções de hidrogénio.

“Para descarbonizar o transporte necessitamos de ter camiões elétricos a bateria e a hidrogénio. Em termos de custo eficácia o hidrogénio é a melhor solução”, explica Sebastian Poss. No entanto, explica, a utilização de hidrogénio implica uma maior dimensão de infraestruturas de carregamento que “têm de ser apoiadas e patrocinadas pelos governos”. Embora seja uma solução já vista com bons olhos noutros países, é necessário que esta opção seja entendida como essencial para o avanço da sua produção em série.

Entre os diferentes postos de carregamento, Sebastian Poss diz que é preciso encontrar mais patrocinadores para dotar a Europa de uma rede acessível. “Existe a alternativa de uma rede de carregamento privado, a segunda opção é o carregamento semipúblico, por último uma outra alternativa é o carregamento publico”, acrescenta, garantidas boas soluções em termos de custos para os clientes. “Até 2023 considera-se que vão ser necessários 30 mil postos de abastecimento, mas é muito caro construir este tipo de infraestruturas e para isso precisamos de melhores parcerias", conclui.