
Siza Vieira e Marques Lopes apontam perigos do populismo

Vivemos o pior momento político para tomar e aceitar as medidas para descarbonizar o planeta, concordaram os comentadores do podcast da TSF “Bloco Central”, em edição especial a partir da Nova SBE, no encerramento do Portugal Mobi Summit.
O atual momento político global e o crescimento do populismo são grandes inimigos da descarbonização. Esta foi a tónica da conversa entre Pedro Marques Lopes e Pedro Siza Vieira. Como exemplo, os comentadores da TSF deram o partido de extrema-direita alemão Afd (Alternativa para a Alemanha) e a forma como capitalizou nas sondagens com uma lei do governo para transformar as caldeiras domésticas em bombas de calor, a possibilidade do regresso de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, medidas contrárias tomadas pelo executivo de Rishi Sunak, no Reino Unido, e também o discurso dos negacionistas das alterações climáticas. O gestor Pedro Marques Lopes disse mesmo que vivemos o pior momento político para fazer a transformação para a neutralidade carbónica.
“Grande parte da definição de populismo é uma solução simples para problemas muito complicados.” E exemplificou a forma como muitas pessoas questionam as medidas com vista à redução das emissões de CO2: “Estamos a ganhar mal e ainda querem que nós paguemos para um problema que os nossos bisnetos ou trinetos vão ter?”
Pegou também na polémica do IUC, que o Governo demissionário acabou por deixar cair, recordando que o principal argumento contra o aumento do imposto se fixou no facto de serem as pessoas mais pobres com carros mais antigos, que iriam pagar mais. Mas também fez questão de lembrar que os mais pobres estão a pagar de outra forma as alterações climáticas – são os que estão a morrer nas grandes inundações e nos grandes incêndios.
Já Pedro Siza Vieira, ex-ministro da Economia, considerou que, apesar de alguma lentidão, “É aqui na Europa que podemos testar coisas boas ao nível da mobilidade, organização dos transportes coletivos, transporte de mercadorias, eletrificação da mobilidade. É aqui, e também na China, que as coisas podem correr melhor e sermos o continente a atingir a neutralidade carbónica mais cedo.”
Siza Vieira expôs os extremos que ressaltam nesta discussão: Por um lado, os negacionistas que se opõem às medidas e recusam a culpa da ação humana; por outro , os ativistas para quem a única forma de salvar o planeta é parar tudo e voltar-se a viver como se vivia antes da Revolução Industrial. “Ambos os extremismos estão irmanados, porque ambos negam a ciência”, afirmou.