Táxis elétricos podem carregar enquanto esperam na fila

2023
15-09-2023

Todos os táxis austríacos terão obrigatoriamente tecnologias com emissões zero a partir de 2025, por isso as paragens começaram a ser equipadas com um sistema de carregamento original.

O projecto é austríaco, mas os seus princípios aplicam-se a todas as situações de automóveis elétricos que estão em circulação muito tempo do dia e que, durante períodos mais ou menos breves, ficam parados e à espera de clientes. Em resumo, isto aplica-se a qualquer táxi do planeta. Também será prático para outras utilizações, nomeadamente frotas empresariais.

Enquanto o veículo espera na fila, as baterias são carregadas através de uma placa no solo, do tamanho de um computador, e de uma ligação na base do carro, que parece uma pequena mangueira retrátil. Os carros avançam nas filas e mudam para o carregamento na plataforma seguinte. Isto não envolve cabos, ao condutor basta carregar num botão sem sair do seu lugar.

As cidades de Viena e Graz acabam de instalar a primeira paragem de táxis com fornecimento de energia aos veículos estacionados. Para já, são apenas 66 carros elétricos adaptados e 60 placas de carregamento, mas o projecto permitirá estudar outras ambições. No próximo mês, será alargado a novos locais. Segundo os promotores, trata-se da maior iniciativa no género a nível mundial.

Tudo se baseia na alta tecnologia que liga o carro à plataforma no chão, um sistema chamado Easelink, com aplicações potenciais em todo o setor da mobilidade. Empresas de logística ou de transportes públicos, por exemplo, podem instalar plataformas de carregamento na mesma lógica que os táxis: os veículos avançam na fila e continuam a carregar na plataforma seguinte.   
As empresas de táxis austríacas têm interesse particular no novo sistema e alguma urgência, pois naquele país foi tomada a decisão de impor aos operadores, a partir de 2025, o uso exclusivo de carros com zero emissões. As empresas de energia envolvidas neste projecto asseguram, pelo seu lado, que toda a eletricidade fornecida nas plataformas será verde, ou seja, obtida com recurso a fontes renováveis.

Na realidade, este é um sistema com tecnologia complexa, chamado eTaxi Austria, envolvendo 30 empresas e outras entidades, cujo objetivo é estabelecer padrões no uso de soluções para veículos elétricos que têm de estar estacionados e carregados, isto num contexto de mobilidade urbana. O carregamento dispensa cabos e postes, é feito de forma funcional e prática. A cidade de Viena que eletrificar a sua frota de táxis sem mas barreiras ao movimento das pessoas, já que os carregadores estão no chão e podem ser pisados sem perigo.

O período de candidaturas das companhias de táxi de Viena decorreu até meados de agosto, sob controlo da Câmara de Comércio da cidade. Esta é ainda a fase piloto do projeto, envolvendo a partir de outubro pelo menos mais oito paragens de táxis na capital austríaca, todas equipadas com o sistema Easelink. As empresas que entram no programa têm direito a subsídio na compra dos veículos e ainda energia grátis (fornecida pela Wien Energie) sempre que carregarem através das plataformas.

Foi preciso adaptar os veículos (de marcas sul-coreanas e alemãs) e desenvolver a solução de carregamento, no caso austríaco denominada Matrix. Os carros foram equipados com o conector que baixa até à plataforma no solo, por sua vez ligada a carregadores de 11 kW (kilowatts), de corrente alterna e com uma eficiência de 99% na transmissão da energia. O sistema esteve em testes durante três anos, até à instalação operacional.

Este projecto foi concebido como solução simples, capaz de facilitar a vida dos taxistas: em vez de se fazerem frequentes viagens para carregar a bateria, aproveita-se o tempo de espera para reabastecer a bateria. O sistema deverá expandir-se já em 2024 a outros locais e, nos próximos anos, terá maiores disponibilidades de carga, incluindo carregamento rápido. Após 2025, não haverá nenhum táxi na Áustria com motores a combustão interna e pelas ruas das cidades serão provavelmente visíveis muitos quadrados pretos do tamanho de computadores portáteis.

Luís Naves


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